No dia 12 de agosto de 2015,
a terceira turma de artes cênicas da universidade de Vila Velha fez uma
performance no campus de ‘Boa Vista’ atividade essa proposta pela disciplina de
direção, do quarto período. Onde os próprios alunos desenvolveram as propostas
de performance a serem realizadas, na qual surgiu em acordo coletivo (Morfeu).
A proposta é que fossem
distribuídos colchonetes pelos corredores da universidade, onde em cada um
dessas ações diversificadas acontecesse, na qual representaria ações que são
realizadas na cama; as escolhas das ações correram de forma livre, o grupo foi
sugerindo ações de forma aleatórias.
O teatro ou podemos dizer a
artes de forma geral, sempre foi utilizada como um instrumento de critica, a si
mesmo e ao meio; até mesmo aos seus padrões e estéticas estabelecidas; apesar
da performance ter liberdade em seu conceito, e criação quando nos referimos a objetivos,
ou interesse; acredito que ela é uma forte forma interlocutora de informações e
problemáticas levando o publico a uma reflexão e desdobramento pensativo,
trazendo à um ambiente inusitado, repercutir e reverbera um pensamento proposto.
Com isso acredito na necessidade de que o ato performático seja consciente para
o artista, na qual ele saiba o seu tripé de apoio cênico, inspirando-me na
construção de regra de jogo de SPOLIN. Viola; aonde o artista vai para a
performance sabendo (QUE? ONDE? O QUE?) não como objetivo de construção de um
personagem, mas sim como apoio de sustentação de ação performática, e
levantamento do pensar critico da ação.
Baseado em minha concepção
do fazer performance, elaborei minha proposta com um objetivo critico social, e
chamei uma colega de cena para efetuarmos juntos a performance; nossa
localização foi bem na portaria principal da universidade onde nos alojamos.
A ação se tratava em um casal deitado
sobre o mesmo colchonete, onde o homem se masturba e fazia ações sexuais por de
baixo dos lençóis, a mulher com uma roupa intima, passa tinta vermelha sobre
seu corpo e na perda o homem, além estar vulnerável as ações propostas pelo o
mesmo.
Por
ser tratar de uma ação sexual senti um peso na ação, peso esse refletido sobre
o choque de reação do publico, a ação o correu no horário de saída da
universidade onde o fluxo de pessoas e intenso, e por ordem de percurso, a cena
erra ultima a ser contemplada pelo publico, não tive acesso visual as outras
ações, mas erra notória a troca de expressão quando o publico chegava até a
ação mencionada; essa percepção da troca expressiva do publico, fez-me
questionar o envolvimento do publico na ação; essa alteração consiste pela
imagem sexual atribuída? ou pelo tabu que é a imagem sexual? Ou a polaridade da
ação comparada com os outros?
Sobre a polaridade das
ações, minha cena tinha um aspecto suave ao mesmo tempo bruto, polarizando as
demais ações, podendo gerar estranhamento do contexto geral, fator esse que
pode ter contribuído com a não compreensão de performance em sua totalidade.
Mas a polaridade está presente em toda estrutura cênica, até mesmo em sua mascaras na qual a
representa (artes cênicas) contem a polaridade expressa, a comedia e o drama,
polaridade também presente em toda
construção dramatúrgica, entre personagens, entre atos, dentro do
roteiro, do começo ao fim; a polaridade está presente em todas articulações
cênicas, chegando a ser fator de importância;
trazendo assim, a polaridade que minha cena emprega ao contexto geral da
performance, contribui para promover uma dinamismo melhor e um contraponto de
ação, aproximando e mantendo a atenção do publico, trazendo para a perfumasse
uma não linearidade.
Essa atenção do publico e esse olhar traz
muitas informações, à performance; minha ação física erra masturbar por de
baixo lençol, mas esse movimento que estava realizando erra artificial, não
estava realizando com veracidade, isso nos faz refletir isso é performance ou
cena? Pois se a performance e a ação propriamente
dita, o que eu estava executando erra
uma cena na qual nitidamente não mostrava verossimilhança; isso foi notório
para o publico também, quando percebi que se afastavam pela percepção de algo
falso, percebi a necessidade de abandonar a ação, e interagir com minha
parceira de cena, buscando uma ação real e concreta e verossímil, comecei a
dialogar com ela. Para isso é necessário uma sensibilidade de percepção, da
resposta do seu publico, de como isso está afetando, se o seu objetivo está
sendo realizado.
Em busca desse lugar real,
tive que me entregar a um fragmento cênico com texto e expressões que me
conectava com minha parceira, na qual foi gentil em atender minhas ações, meu
ato de improvisar com ela, partia-se também de uma performance, pois estava
lidando com o inseguro, por não saber sua reação, se ela ia atender as vontade
que meu objeto interno puncionava, então as falas externas que saiam de um
improviso, serviam como um combustível da busca por um sentimento real, como
se algo fictício crise um sentimento real, uma apropriação de algo que é meu
para algo que não sou eu, Gerando modificações concretas na forma de expressão
e ação, chegando ao ponto do real, criando uma bolha térmica onde consegue
segurar a temperatura da motivação sem ser desestimulado pelo ambiente externo,
mas não o ignorando, mas sim o filtrando para saber os pontos precisos, de
modificações; dilatando o estranhamento do publico, gerando mais polaridade e
poder de fixação do olhar do publico.
Para H.R. Rookmaaker, A arte
não precisa de justificativas, ela ocorre através da ação, pelo simples fato do
processo que ocorre entre o querer, e o fazer; assim posso colocar que o
simplesmente querer quebrar o cotidiano de um espaço já é um ato performativo;
mas se por levantar um conceito ou uma cena que me leve a peformar, estou
infringindo o conceito ou a essência dessa linguagem? Creio que não pois a
minha ação não se consiste em uma cena; pois ela não tem uma estrutura
dramática de começo meio e fim, na qual se enquadra uma cena, mas sim um
fragmento de uma ação cênica em formato de loop, onde o repetir físico ou
narrativo provoca uma concentração e envolvimento no objeto de ação, ao ponto de
se desligar do ambiente externo e entra em uma verdade sentimental e de
sensações com sua performance, e me questiono sobre ser um artifício de fuga do
real, da reação das pessoas? Pode até ser, mas a ação de resposta que o público
emprega é tão forte ao ponto de mesmo distanciado do público suas reações afeta
e transforma a performance, ou para mais ou para menos.
Em uma performance onde o
artista deixa seu corpo exposto como parte da arte, e se permite ser sujeito a
ação do público, o ato performático está no tempo real do agora, do que provoca
alguém a interagir, ou o que acontece no decorrer da interação, mas quando a
performance e expositiva, onde o público é voyeur da situação, ie necessário um
envolvimento reação com o momento e como que se faz. Nisso me sustento em
acreditar que uma performance deve ter suas bases internas, que sirva-se de
processo a alcançar uma veracidade da ação, trazendo mais estranheza ao
público, onde ele não se afete por não
acreditar na ação, mas sim que ela transpasse o público gerando argumentações,
críticas e especulações, para que se propague como ondas atingindo outros
níveis de discussões.
Assim como um grupo de
Jovens que postou em uma rede social, a estranheza que foi assistir as
performances, a princípio os comentários que se propuseram foram superficiais,
e preconceituosos, mas ao decorre dos comentários, muitos questionaram o porquê
de que foi feito, até que em momento o mesmo que mostrou sua reação, comentou
que o nome do que foi feito (intervenção) foi a nomenclatura usada. Isso mostra
que a estranheza provocada gerou uma pesquisa e uma análise, fez
um grupo problematizar.
...[Chocado com a Universidade Vila Velha - UVV, uns alunos
(provavelmente de artes cênicas) encheram o prédio de direito de colchão (com
um monte de gente deitada, plantando bananeira, pedindo silencio, pedindo pra
dormir junto etc.) e colocaram um doido fazendo simulação de atos obcenos na
escadaria principal junto com uma menina jogando sangue fictício pelo corpo
dela e dele.] ...
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Que
merda é essa? dhauidhad
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humanas
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Também
não sei, não entendi a mensagem
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tinha
uma menina doida enfiando a cabeça dentro do colchão e ficando de 4 nessa
posição sem se mexer, tipo???
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a da
mulher com o bebê eu entendi, quis falar dos moradores de rua que sofrem etc
etc, mas o resto não, principalmente esse último ato na escadaria
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RT humanas
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isso é
zoação ne?
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Migo,
vc não ta bebado, não?
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não
amigo, tinha um menino simulando que estava fazendo aquilo com as mãos na
escadaria da uvv (e ele parecia estar pelado)
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Respeita
o tcc dos caras kkkkkkk
Mesmo com os discursos
superficiais, e a falta de um olhar acadêmico mais apurado, onde se observa
depois levanta problemáticas para distorções, acredito que ee uma forma geral o
objetivo geral foi atingido, interferimos no cotidiano, levantamos novos olhares,
foi acrescentado problemáticas importantes, para o conjunto social, e para o
desenvolvimento do pensar academia de artes cênicas, aprofundando assim os
estudos de performances, em sua totalidade de palavra, sentido e ação.